O GRITO DE GUERRA DO ROCK IN RIO
A juventude rompe padrões. É irrequieta, e é por estar sempre buscando o novo e questionando modelos prontos que promove a dinâmica do mundo. Ruptura e evolução. Dentro desse espírito, cada geração elege suas próprias bandeiras, em contraponto aos paradigmas estabelecidos. Ao longo do tempo, os jovens do Brasil já escolheram lutar contra ditaduras e contra os sutiãs, já foram às ruas exigir o direito de eleger um presidente e o direito de tirá-lo do Poder. Cantaram, pintaram a cara, fizeram muito barulho. E nessa alternância de festa e protesto já se vai meio século. Mas as pessoas questionavam a apatia dos jovens de hoje. Estudos sociológicos apontavam para uma geração excessivamente individualista, fruto de uma cultura consumista,que tornou os jovens incapazes de sair da sua zona de conforto para dedicar tempo e energia para causas coletivas.
Mas não subestimem os jovens. No dia 23 de setembro de 2011, na abertura da maior concentração de jovens do planeta que ocorria na capital carioca, eis que de repente um ícone da juventude, o irreverente roqueiro Paulo Miklos, do Titãs, solta o desabafo que todo mundo queria ouvir: “A gente não quer só democracia, a gente quer o fim da corrupção nesse país”. Era, naturalmente, um contraponto ao primeiro Rock in Rio, quando o país vicejava a abertura democrática e a juventude estava eufórica com isso. Hoje, vinte e seis anos depois, pudemos ver que não é preciso somente democracia para construir um país que padece de sérios problemas na saúde, educação, segurança e infraestrutura. Paulo Miklos talvez não saiba, ainda, mas ele foi o arauto de uma guerra – não tão silenciosa- que está apenas começando. Ouçam o rufar dos tambores e os acordes de guitarra, a juventude achou sua nova bandeira. E seus exércitos já invadiram as ruas, armados de vassouras e recém imbuídos de uma motivação que não conheciam. Até hoje não se sabiam soldados. Até então não conheciam o insidioso inimigo. Mas começaram a prestar atenção nos dólares na cueca, na banalização e perdão ao pagamento de propinas, no constrangimento dos que têm de pedir desculpas por falar em bandidagem infiltrada no Poder. Na dor e no luto de perder heróis – e heroínas- que foram os primeiros mártires dessa luta. “O inimigo agora é outro”. Ah, mas não menosprezem nossa capacidade de nos indignar ,até mesmo contra aquilo que é tão banal que , de um jeito torto, já parece certo. A juventude lançou seu grito de guerra, e seu exército marcha motivado nos protestos anticorrupção por todos os cantos desse país, exigindo, mais uma vez , a mudança e a ruptura de paradigmas, que é tão salutar para mover as engrenagens do mundo. E você, ainda se sente jovem o suficiente para acreditar? Aqui, bem entre nós: você percebe a importância de tudo isso, vê sentido? Vou além: Você tem a percepção histórica de que as guerras são essencialmente uma dicotomia, e que não dá para ficar neutro nelas por muito tempo? A juventude já encontrou sua bandeira. E você, qual é a sua?